Dharma e Maat - a justiça e a ordem cósmica
O ciclo de Filosofia nos Museus de 2025 será dedicado ao tema “Mitologemas”.
Data e hora
Localização
Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa
s/n Rua dos Bombeiros Voluntários 4700-025 Braga PortugalAcerca deste evento
- O evento dura 1 hora 45 minutos
Dharma e Maat - a justiça e a ordem cósmica
Dharma e Maat, dois conceitos milenares, originários de culturas distintas, mas que convergem em sua busca pela ordem cósmica e pelo sentido da existência.
Dharma, na Índia Antiga, transcende a ideia de lei ou dever, representando o caminho individual de cada ser, sua vocação única no universo. Maat, no Egito Antigo, personifica a justiça, a verdade e a harmonia, o equilíbrio que sustenta o cosmos e a sociedade.
Neste Encontro de Filosofia exploraremos a riqueza e a profundidade desses conceitos, procurando pontos de convergência e paralelos entre as filosofias indiana e egípcia.
DHARMA
O Dharma, um conceito central na Índia Antiga, evoluiu ao longo do tempo abrangendo uma ampla gama de significados, podendo ser explicado, sobretudo, a partir da sua raiz verbal dhṛ-, «suportar», significando «suporte», «apoio», «permanência», «dever», «lei», «costume», etc.
No período védico, o Dharma surge em substituição dos termos ṛta, a «ordem cósmica», e vrata, o «mandamento», e passou a ser associado a divindades como Varuna, Mitra e Aryaman. Na literatura épica, especialmente na Bhagavadgītām, o Dharma passou a ser personificado como um deus e associado ao conceito de karma (ação), enfatizando a importância do cumprimento do dever individual (svadharma) para a manutenção da ordem cósmica. Nos textos Dharmasutras, o Dharma passou a incluir todos os aspectos do comportamento individual e social, abrangendo costumes, tradições, ética e moral.
A partir daqui, o termo dharma pode ser mais bem compreendido na sua generalidade como «lei», fazendo com que a palavra dharma também signifique «religião», com o sentido de «caminho» e «verdade», representativos de uma lei eterna do cosmos.
MAAT
No Antigo Egipto, a figura da deusa Maat e a maat, como conceito abstrato, representavam a justiça, a estabilidade e a ordem universal.
Enquanto divindade, Maat atuava como mediadora na manutenção do equilíbrio cósmico. Enquanto conceito, regulava as atitudes de um indivíduo, guiando-o e instruindo-o para o bem.
Os conselhos dos mais sábios, evidentes na Literatura Sapiencial egípcia, demonstram como, através de intenções e ações puras, se podia repelir o isfet (caos) e abrir caminho em direção à vida eterna.
SOBRE CLÁUDIA BARROS
Licenciada em Arqueologia pela Universidade do Minho (2018), sendo também Mestre em Arqueologia pela mesma instituição (2022). É aluna de Doutoramento em Ciências da Cultura na Universidade do Minho, encontrando-se a desenvolver uma investigação no âmbito das Cartas de Amarna e do domínio egípcio no Levante durante a XVIII Dinastia.
É investigadora integrada no CEHUM, membro do NETCult (Universidade do Minho) e do ARCE – American Research Center in Egypt, e delegada para Portugal da Asociación Galega de Exiptoloxía (Pontevedra). Participou em diversas escavações em Portugal e em Marrocos (Ksar Sghir), e tem dado palestras, aulas e cursos sobre a Arqueologia da Paisagem, a Arqueologia do Norte de Marrocos, o Antigo Egipto e as Cartas de Amarna, em instituições como a Universidad Pontificia Bolivariana (Colômbia), a Universidade do Minho e a Universidade do Porto.
Desde cedo que uma paixão desmedida pelo Antigo Egipto a fez seguir as pisadas dos construtores das pirâmides. Em 2021 criou o website "Ancient Egypt: What to know when you know nothing", e o canal do Youtube "Debaixo dos pés da Esfinge", nos quais partilha conteúdos informativos sobre o Antigo Egipto e desmitifica alguns dos assuntos mais controversos da civilização egípcia. É ainda a autora da obra de literatura infantil “As Aventuras do Pequeno Ramsés”.
SOBRE RICARDO LOURO MARTINS
Ricardo Martins é licenciado em História da Arte e obteve mestrado em História e Cultura das Religiões pela Universidade de Lisboa. Investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa, é o tradutor, diretamente do Sânscrito, da obra indiana Bhagavad Gita, editada pelas Edições Nova Acrópole. É atualmente diretor da Nova Acrópole de Viseu.
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Ciclo de mitologemas - Em direcção à Unidade para além das diferenças
Um mitologema é um elemento ou tema central recorrente em mitos de diferentes culturas, representando uma ideia, símbolo ou arquétipo compartilhado universalmente. Esse conceito refere-se a fragmentos de mitos que, embora possam variar em detalhes de uma cultura para outra, transmitem significados semelhantes, permitindo que os mitos ressoem entre si, revelando aspectos fundamentais da experiência humana e da visão de mundo.
Este ciclo pretende desenvolver a ideia "Em direção à Unidade para além das diferenças", um exercício de reflexão que visa encontrar pontes entre culturas e formas de pensamento distintas, salientando aquilo que as une.
31 de Janeiro | 19h30 | Museu D. Diogo de Sousa
Tema: Prometeu e Quetzalcoatl – O Despertar do Espírito Humano
Explorar a figura de Prometeu na mitologia grega, que desafiou os deuses para trazer o fogo e o conhecimento aos humanos, e Quetzalcoatl, o deus asteca que também simboliza a busca pelo conhecimento e civilização. Esta palestra refletirá sobre o papel do conhecimento e do fogo espiritual na elevação da condição humana.
14 de Março | 19h30 | Museu D. Diogo de Sousa
Tema: Dharma e Maat – A Justiça e a Ordem Cósmica
Uma análise dos conceitos de Dharma, na tradição hindu, e Maat, na mitologia egípcia, que representam os princípios de justiça e equilíbrio. Este encontro irá investigar como essas ideias fundamentam a ordem social e cósmica, promovendo uma reflexão sobre ética e moralidade na vida cotidiana.
16 de Maio | 19h30 | Museu D. Diogo de Sousa
Tema: Teseu e Beowulf – Vencer os Monstros Internos
As histórias de Teseu, enfrentando a Minotauro, e de Beowulf, enfrentando Grendel, servem como metáforas para as lutas internas que todos enfrentamos. Esta sessão discutirá a dualidade do ser humano e a busca por superar os nossos medos e limitações.
12 de Setembro | 19h30 | Museu D. Diogo de Sousa
Tema: Isis e Psiquê – A Conquista do Verdadeiro Amor
Isis, com sua devoção a Osíris, e Psiquê, cuja jornada para se reunir com Eros é marcada por desafios, exemplificam a busca pelo amor verdadeiro e as provações que enfrentamos por ele. Este encontro vai explorar as diferentes representações do amor e das relações na mitologia.
16 de Outubro | 19h30 | Museu dos Biscaínhos
Tema: Hércules e Gilgamesh – As Provas da Alma Humana
As labuta de Hércules, o herói grego, e as aventuras de Gilgamesh, o rei sumério, revelam a busca da humanidade por significado e imortalidade. Este evento discutirá as provações enfrentadas pelos heróis e o que elas dizem sobre a natureza humana e nossas aspirações coletivas.
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Este Ciclo de Filosofia nos Museus é realizado com o apoio do Município de Braga.
Organizado por
A Nova Acrópole é uma organização internacional sem fins lucrativos com a finalidade de desenvolver o ser humano através da Filosofia, da Cultura e do Voluntariado.